terça-feira, 14 de agosto de 2012

Érico participa de Ciclo de Debates da Abralatas


Érico Corrêa fala aos catadores de lixo. O candidato a prefeito de Porto Alegre, Érico Corrêa, da Frente Política PSTU-CS, esteve, na manhã dessa terça-feira, 14, na sede do auditório do Ministério Público Estadual participando do Ciclo de Debates Abralatas. Iniciativa da Associação Brasileira de Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), o encontro reuniu quatro candidatos a prefeito da capital gaúcha: Érico Corrêa, Manuela D’Ávila, Jocelin Azambuja e Roberto Robaina, para debater sobre resíduos sólidos e se comprometer em fazer políticas públicas que beneficiem os catadores. Dois candidatos, do PT e do PSDB, foram representados pelos candidatos a vice, Coronel Bonete e Marco Pinheiro, respectivamente.

   O candidato do PDT, José Fortunatti não compareceu e enviou seu candidato a vice, Sebastião Melo, que, alegando outros compromissos, não permaneceu no local, se comprometeu com os organizadores a voltar e não retornou. Melo é autor da lei municipal que retira carroças e carroceiros das ruas de Porto Alegre. Entraria em vigor a partir de 2018, mas foi encurtada para 2014. Fato que levou o candidato do PSTU, Érico Corrêa, a alertar na sua intervenção: 

    “Pessoal, a Copa do Mundo acontece em 2014 e em nome dela eles vão fazer o que chamam de higienização da cidade. Vão querer retirar a população pobre do centro da cidade. Fizeram isso na África do Sul. Vão querer repetir isso aqui. Por isso, fiquem atentos”. 

   Cada candidato presente ao auditório do Ministério Público teve um tempo de dez minutos para responder a uma pergunta: caso eleito vai realizar parcerias com cooperativas ou associações de catadores e materiais reclicáveis, formadas por pessoas físicas de baixa renda? 

   A resposta do candidato Érico Corrêa foi esta: “Nós queremos iniciar nossa fala dizendo que nós sempre estivemos nas lutas dos catadores de papel e dos carroceiros de Porto Alegre. E, quando vejo em uma mesa, empresários, governos e catadores me sinto obrigado a dizer: - Olhem essa mesa, empresários e governos de um lado e os catadores do outro. Não pensem que esta mesa tem três pontas, porque não tem não. Mesmo esse Plano Nacional da Política de Resíduos Sólidos que está sendo discutido aqui,que diz que deve haver cooperação entre o governo e o setor empresarial. Diz que tem que ter incentivos fiscais, financeiros e crédito para o setor privado. Já, para os catadores, diz que tem que ter responsabilidade compartilhada. Engraçado não é ? Para o empresariado parceria com cooperação. Para os catadores responsabilidades compartilhadas”.

    Orgulho de lutas sindicais 

   “Eu tenho muito orgulho na minha vida sindical de ter participado de muitas lutas. Uma das que mais me orgulho é a dos carroceiros. Eu estava junto deles em frente à prefeitura de Porto Alegre naquele dia que a conversa era com o Busatto, consagrado político envolvido em episódios de corrupção no Estado. Saímos de lá felizes porque as carroças puxadas por cavalos que colocamos lá deixaram em frente ao paço municipal o cheiro daquele governo.”

    Assinar carta compromisso, político em campanha assina todo o dia. O problema é o que acontece depois. Ontem houve um debate com os candidatos, todos que foram lá tinham que assinar uma carta-compromisso com as obras da Copa do Mundo. Não fomos lá. O que íamos fazer lá, se somos contra o uso do dinheiro público na Copa do Mundo, como está sendo feito? Não participamos de debates promovidos por empresas ou organizações sustentadas por empresas que exploram, que oprimem os catadores de lixo e, depois, vão lá posar que apoiam programas de natureza sustentável, uma sociedade bonita que é para todos. Eles, cada vez mais ricos e as pessoas sendo incentivadas a serem heroicas no seu dia a dia, trabalhando na chuva, levando o filho para o trabalho, sendo apresentado como herói da sobrevivência. 

   Ninguém precisa ser herói da sobrevivência. Esta é a realidade da vida. E, me permito dizer aos catadores aqui presentes: Vocês têm que se organizar. Incentivem seus companheiros a se juntarem para lutar por direitos juntos. Em associação, em cooperativa, mas o fato é que vocês têm que estar organizados. Porque o outro lado está muito bem organizado e bem representado aqui. E esta história de assinar compromisso aqui e compromisso ali e que vamos cumprir a lei é tudo conversa de campanha. O maior exemplo é o do Tarso Genro. Apoiado pela Manuela, pelo Villaverde e pelo Fortunatti. Ele foi num Congresso do CPERS assinou documento que ia pagar o piso nacional dos professores e não paga.
    Os grandes partidos recebem doações para as campanhas dos empresários. Depois da eleição pagam a conta.

   Dinheiro do lixo:

    “ A coleta de lixo em Porto Alegre devia ser em sua maioria feita pelo catador. Mas aqui há uma empresa que recebe 440 mil por mês. Isto daria para pagar 700 salários mínimos. Fiquei muito impressionado aqui com a retirada do vereador Sebastião Melo, autor da lei das carroças. Ninguém se engane. Para alguns a vida melhorou, mas para a maioria das pessoas não aconteceu isso. Então, temos que saber por quê. Para os 25 mil cargos de confiança que o PT criou no Brasil deve ter melhorado, já que tem gente ganhando 20, 30, 40, 60 mil reais por mês. Há nesse grupo também pessoas dos partidos da Frente Popular. Eles gastam em uma janta o salário inteiro de um mês de um catador de lixo. Esta é a realidade do Brasil. Na real quem está ganhando dinheiro são os bancos, os grandes grupos, o empresariado que financia as campanhas dos partidos tradicionais. Para isso acontecer tem a mão do governo. 

   Por isso a eleição é importante. É o momento que temos para denunciar os governos, para dizer as verdades que os grandes partidos não vão dizer, já que eles estão comprometidos com as empresas. 

   Para encerrar, um exemplo prático de como acontecem as ligações entre e o empresariado e o governo. Tempos atrás, um total de quatro caminhões recolhia o material reciclável do Centro Administrativo. Quando o Rigotto assumiu e botou na Secretaria da Administração um representante do PSDB, baixou de quatro para meio caminhão, o material retirado do Centro Administrativo. Sabe para onde vai o resto? Para fazer dinheiro para as empresas, em vez de ir para o bolso dos catadores de papel. E uma coisa que ninguém falou aqui. Tem que se pensar na aposentadoria desse pessoal. A velhice sem dinheiro para comprar comida, para comprar o remédio é uma coisa muito triste. Vocês têm que pensar nisso também. Eu quero viver num mundo em que ninguém tenha que pensar que é um herói, enquanto ele é apenas um sofredor. O mundo foi feito para todos serem felizes”

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